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Afinal, o amor acabou? O atual cenário das relações modernas e seus desafios

Não é à toa que estamos vivenciando transformações sociais. As relações do séc. 21 vem trazendo novas configurações e se pudéssemos defini-las seriam em: liberdade em potencial.

Para entendermos bem, vamos a rápidos dados históricos das formas de se relacionar.

Os séculos iniciais que antecedem XIX são formados pelas relações (não saberia dizer se poderíamos chama-las de afetivas) a partir de interesses econômicos e políticos, trazendo homens e mulheres desconhecidos a construírem família e dar continuidade a fortunas ou relações sociais importantes.

A partir do século XXI surgiu a primeira manifestação de amor recíproco: O Amor cortês- A idealização da pessoa amada e a prática da cortesia para conquista (podemos dizer que muitos ainda a usam hoje).

No renascimento, meados do século XVI a mulher se torna uma objetificação religiosa e surgem os questionamentos sobre o amor, já que foram divididas entre santas e pecadoras. Com a chegada do iluminismo, no século XVIII, o amor já não se torna um impulsionador das relações, a Idade da razão pisa a emoção e alavanca o homem como governador de suas ações.

Iniciando o século XIX o controle das emoções foi sendo tomado pela sensibilidade. O Amor (que podemos definir como o sentimento pelo outro), começa a penetrar o casamento se tornando razão das relações.

No início do século XX, com a criação do automóvel e dos telefones, nasce uma grande novidade para as relações: os encontros marcados. Em 1940 o amor, o sentimento e as conexões apaixonantes começam a fazer parte de todos tipos de relacionamentos e a maioria das pessoas anseia pelo amor romântico- um desejo claramente Ocidental.

Iniciamos o primórdio da revolução sexual: A chegada da pílula anticoncepcional- Os valores sociais começam a serem questionados e quebrados. Iniciamos aí a dualidade social da liberdade e do conservadorismo, o que podemos concluir que vivemos até hoje.

Não me prolongarei nessas pontuações históricas, pois daria uns 3 artigos consecutivos nesse portal (olhe a sugestão aí), mas é interessante observarmos como as relações se deram em termos históricos e sociais para chegarmos a reflexão do nosso texto de hoje: Afinal qual o rumo das relações da última década?

O amor é uma construção. Isso é FATO. Mas o que buscamos nela, na atual forma de viver e amar está além dessa construção. Acredito que você já tenha ouvido falar que só amor não sustenta uma relação.

Os parceiros buscam a satisfação pessoal, profissional e conjugal na mesma intensidade que a vivem. Todas elas despertam desejos singulares e neles podemos falar sobre expectativas, essas que muitas vezes fazem a relação evoluir ou estagnar em estágios negativos.

Estamos vivendo a era das buscas e insatisfações, já que sabemos o quão podemos viver de experiências e prazeres.

As relações atuais baseiam-se no comprometimento, no respeito e no alinhamento desses parceiros. Busca-se prazeres com consentimentos e nem sempre vinculado ao próprio parceiro, mas com a aceitação mútua dessa vivencia- o que podemos trazer aqui o grande Q da questão: O quanto estamos disponíveis a permitir a liberdade do outro sem os grandes conceitos sociais do que é certo e do que devemos sentir e reagir?

Os casais que hoje desejam ser trisais, grupais ou livres – em sua boa porcentagem- e vivem o dilema de ter liberdade e ser essa liberdade para o outro. Além dos casais que permeiam a monogamia e buscam saciar suas expectativas e desejos na relação a dois buscando essa felicidade plena.

Buscarei destrinchar pautas dessa busca em próximos textos, mas confesso que com toda experiencia de atendimentos e relatos que chegam em meu consultório, directs e conversas, o amor está indo além das 4 paredes, dos presentes, de momentos a dois para um universo de possibilidades que os cercam.

Estamos vivenciando a era das relações livres- e nem sempre é sobre relação aberta, mas sobre ser quem se deseja ser sem julgamentos e regras. Pontuo que o futuro das relações é amarmos e permitirmos a liberdade do outro baseado no compromisso, no diálogo verdadeiro e aberto sobre as emoções que exige a responsabilidade afetiva sobre si e sobre as emoções da parceria.

Vivemos a era das relações possíveis de expansão da alma, do corpo e da conjugalidade.

Será um prazer dividir com vocês as nuances, desafios e glórias dos relacionamentos e sexualidade.

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Laylla Brandão

Psicóloga de relacionamentos e sexualidade. Formada em Psicologia (CRP 15/7019), iniciou os atendimentos clínicos com adultos e casais na área dos desenvolvimentos relacionais e da sexualidade humana, auxiliando na redescoberta do prazer pela vida.