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“Quando vem o bebê?”
Essa é uma pergunta que eu, com os meus 31 anos, sempre ouço. E eu sempre respondo: “Oxe, não!” [com um toque bem nordestino]. A verdade é que sempre tive conflitos com essa pergunta, pois não penso em ser mãe agora. Contudo, a ideia de ser mãe também passa pela minha mente (lá pra frente).
Conversando com algumas mulheres este ano e vendo muitas amigas engravidando, só conseguia pensar o quanto eu precisava decidir rapidamente se queria ser mãe ou não [a idade está passando…]. No entanto, me peguei refletindo durante todas as sessões da minha terapia: “Será que realmente desejo gestar uma criança?”.
Será que eu quero passar pela privação de sono? Pelas transformações do meu corpo? Ter meus hormônios todos desregulados? Chegar em casa depois de passar algumas horas no bar com os amigos e, em seguida, lembrar que meu bebê vai acordar logo cedo? Essas são questões que me assolam à medida que considero a maternidade.
Pode parecer incomum pensar dessa maneira, mas é uma reflexão constante em minha mente. Sempre tive o desejo de adotar uma criança [desde que eu era uma criança e minha mãe me levava para o lar de adoção que ela trabalhava], no entanto, percebi que discutir isso com outras mulheres nem sempre é simples. Mesmo com os avanços que tivemos, ainda percebo um certo preconceito quando compartilho meu desejo de adoção, especialmente quando explico que quero adotar uma criança mais velha.
E aí, você pode estar se perguntando: ‘Mas a adoção não traz outros desafios?, ‘Não traz privação de sono?’. Sim, traz, mas acredito que sejam desafios diferentes, já que um bebê demanda mais tempo, e uma criança mais velha pode proporcionar uma flexibilidade na minha vida tão agitada, que eu amo e não quero abrir mão.
Talvez o meu modelo de maternidade seja: não gerar, mas sim adotar. E isso não me fará ser menos mãe do que aquelas que gestaram. Acredito que existem muitas crianças no mundo que necessitam de pais dispostos a amar, e enxergo essa minha decisão como um propósito na minha jornada aqui na terra.
Quando eu discuti isso na terapia – tudo o que eu não queria para a minha vida ao gestar uma criança – minha psicóloga disse que precisava me parabenizar pela coragem de assumir isso, porque muitas mulheres sentem vergonha de expressar abertamente esses sentimentos. E é tão real isso que eu sentia vergonha de assumir que não queria gestar por causa daqueles motivos que citei acima.
Hoje, enquanto escrevo este texto, minha vontade é adotar. Esse é o modelo de maternidade que ressoa comigo no momento. Posso mudar de opinião? Certamente! A pessoa que sou hoje pode se transformar naquela de amanhã.
Acredito que precisamos ser sinceras sobre o que desejamos para nossas vidas e devemos discutir isso, pois muitas mulheres podem estar passando pelo mesmo que nós. Atualmente, desejo ser mãe, mas não quero passar pela gestação. Este pode ser o MEU modelo de maternidade, e está tudo bem.