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Uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), divulgada em agosto deste ano, revela que 38% dos casos de racismo no Brasil ocorrem em ambientes escolares. O que poderia auxiliar no combate a esses casos? Outra pesquisa, publicada em 2017 pela Universidade Federal de Santa Catarina, mostra que a implementação da educação antirracista contribui significativamente para o desenvolvimento de uma consciência crítica e cidadã nos estudantes.
A historiadora Andresa Gomes afirmou ao Eufêmea que a educação antirracista representa uma conquista significativa para a nova geração.
“É uma garantia de que as próximas gerações se tornarão mais críticas em relação ao mundo em que vivemos, buscando melhorias especialmente para a população negra, que enfrenta os piores índices em áreas como educação, saúde e diversas outras questões.”
Segundo ela, a história em si foi feita por e para pessoas brancas, mas ressaltou que atualmente temos professores e pessoas negras acessando lugares como universidades, devido a toda a luta do movimento negro, tanto no passado quanto no presente.
Para a historiadora, as escolas têm abordado algumas questões raciais. “Ou, pelo menos, tentado”, disse. No entanto, para ela, ainda existem diversas deficiências na formação dos professores.
“Acredito que, se a escola tem condições de realizar, deveria promover projetos com incentivo à participação de alunos negros e negras, não apenas no mês de novembro, mas durante todo o ano. Existem várias iniciativas que já foram implementadas pelo movimento negro e que poderiam ser adotadas por instituições de ensino.”
Sociedade menos violenta
A ativista social e historiadora Marià Marcelino destacou que a educação antirracista é essencial para a construção de uma sociedade menos violenta, bem como para combater a exclusão escolar. “Garante direitos e desenvolvimento para os nossos jovens negros da periferia, que são os que mais sofrem”.
Ela avalia que os professores estão comprometidos com a pauta antirracista dentro do ambiente escolar. “Sou mãe de um menino negro e de uma menina negra, e sinto que dentro do ambiente escolar eles estão sendo acolhidos.” A ativista também afirmou que a educação antirracista começa em casa.
Para a historiadora, uma das estratégias que as escolas podem adotar é envolver a comunidade escolar e a sociedade, destacando que o processo antirracista diz respeito a todas as pessoas. Ela também apresentou um projeto existente na periferia de Maceió.
“Hoje, tenho um projeto em parceria com a Escola de Moda Marià Marcelino, voltado para jovens negros da periferia. Estarei com eles em palestras, rodas de conversa e oficinas de teatro no Diteal de 21 a 28, com práticas antirracistas também na arte, que é de suma importância.”