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Joana Mendes: “Aguardaremos mais 40 dias para que a justiça seja feita”, diz irmã de vítima

Após sete anos de espera, o julgamento de Arnóbio Cavalcanti pelo assassinato com 32 facadas (boa parte delas no rosto) da ex-companheira e professora Joana de Oliveira Mendes, ocorrido em cinco de outubro de 2016, no bairro de Santo Eduardo, em Maceió, foi mais uma vez adiado.

O julgamento estava marcado para acontecer na segunda-feira (18), mas Arnóbio foi preso novamente nesta quinta-feira (14) após o promotor de Justiça Antônio Vilas Boas alegar que o laudo psiquiátrico apresentado por Arnóbio está sob suspeita, podendo o acusado ter cometido os crimes de fraude processual, falsidade ideológica e corrupção ativa.

Ao Eufêmea, uma das assistentes de acusação da família da vítima, Andrea Alfama, explicou que às vésperas da ocorrência do júri, a defesa do acusado solicitou a instauração de incidente de insanidade mental. Logo depois, foi provado que o laudo apresentado era fraudulento.

“Diante desse quadro, o juiz decretou a prisão preventiva por fraude processual, e ontem mesmo, o réu foi preso. Essa foi apenas mais uma estratégia da defesa para evitar a presença dele no júri”, disse.

A advogada ainda ressalta ao Eufêmea, que a banalização de ‘insanidade mental’ vem se tornando uma realidade cada vez mais comum em crimes de feminicídio. “Depois que o STF proibiu a alegação de legítima defesa da honra em casos de crimes contra a mulher, eu percebo que há uma banalização: afirmar que o acusado possui transtornos mentais e tirá-los da responsabilidade dos crimes que cometeu. Isso não pode acontecer”.

Andrea, além de acompanhar o caso desde as primeiras agressões, era também uma das amigas mais próximas de Joana Mendes. Hoje, ela lamenta a gravidade do caso e luta pela condenação máxima.

“Joana era uma pessoa alegre, cheia de vida e emanava luz por onde passava. Infelizmente, o acusado lhe tirou tudo isso, tirou ela de perto da família, do convívio dos filhos e da presença dos amigos. A família precisa virar essa página, a sociedade alagoana merece uma resposta”, relata ela.

Não tivemos sossego

A advogada Júlia Mendes, irmã de Joana, disse que não se sente mais confortável e segura após a prisão preventiva do acusado. “Desde maio quando ele foi solto não tivemos sossego. De certa forma, essa prisão dá sossego aos familiares e às testemunhas. O comportamento dele é perigoso”, revela.

Sobre o adiamento do julgamento, Júlia afirma que a família entende o posicionamento do juiz e que está em contagem regressiva para que chegue o dia 1º de fevereiro.

“Vamos aguardar com muita ansiedade esse dia, mobilizando a sociedade para se fazer presente. Aguardaremos mais quarenta dias para que a justiça seja feita da melhor maneira possível”.

A suspeita do laudo médico não foi surpresa para a família. A irmã afirma que é um comportamento comum do acusado e que a defesa protela a decisão final do julgamento por todo esse tempo.

“Queríamos passar o natal com essa página virada, a família se sente mais uma vez golpeada. A estratégia da defesa do acusado é tentar fazer de tudo para que esse júri não ocorra e que ele não vá ao julgamento”, diz ela.

Por último, Júlia reafirma o desejo da família: “A impunidade não pode permanecer, ele precisa pagar pelo crime que cometeu. Estamos falando de uma pessoa perigosa que tem um histórico de agressão contra mulheres. Ele não possui problemas mentais, é totalmente consciente do que fez”.

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Cecília Calado

Pernambucana vivendo em terras alagoanas, Cecília Calado é estudante de Jornalismo com experiência em mídias sociais e produção de rádio e TV. Considera o Jornalismo uma ferramenta de transformação social.