Caras leitoras e caros leitores, muito prazer! Sou a Rafaela, advogada, empresária e mãe dos gêmeos Miguel e Maria Helena, hoje com 5 anos. Estou muito feliz de poder escrever a vocês neste espaço e compartilhar algumas das minhas experiências de vida e de trabalho.
Desde a maternidade, vivi com minha família algumas situações desafiadoras, das quais falarei melhor nas próximas colunas. Me mudei recentemente para Maceió, e, pelo meu trabalho na pauta feminina, uma amiga me trouxe a oportunidade de escrever aqui.
Estar escrevendo é, para mim, parte de um recomeço, de ressignificação da carreira. E é sobre isso que eu gostaria de falar hoje.
Em um mundo que frequentemente impõe limitações e expectativas, as mulheres enfrentam obstáculos únicos. No entanto, é justamente diante dessas adversidades que muitas encontram a coragem para redefinir suas trajetórias. Seja após um término de relacionamento, uma mudança de carreira, ou mesmo a superação de uma doença, os recomeços representam a oportunidade de reinventar-se e buscar novas perspectivas.
Deparei-me recentemente com a história de Muna Darweesh, que precisou deixar a Síria por causa da guerra em 2013.
Ela trabalhava lá como professora de inglês e o marido como engenheiro naval, mas nenhum dos dois conseguiu emprego aqui no Brasil em suas respectivas áreas. Diante da necessidade, ela foi para as ruas vendendo pratos típicos de seu país, e hoje tem um negócio de muito sucesso.
Há também a história de Heloisa Assis, a Zica Assis. Nascida em uma família de 13 irmãos, precisou começar a trabalhar aos 9 anos como babá, empregada doméstica e faxineira. Além das dificuldades óbvias, ela sofria para se inserir em uma sociedade com padrões estabelecidos de beleza. Ainda assim, conseguiu estudar para ser cabeleireira e criar uma grande rede de salões e produtos para cabelo.
Essas histórias me inspiram e emocionam, porque trazem em si um espírito de luta e superação que, em alguma medida, reside em todas nós mulheres. Muitas de nós certamente já se viram diante da necessidade de, depois de uma perda, manter a cabeça não apenas erguida, mas visionária e criativa também. Muitas de nós já foram chamadas a empregar um esforço físico e mental enorme, para manter a família unida, para manter a casa funcionando, ou mesmo apenas para se manter viva, e, ao mesmo tempo, ter clareza de ideias para enxergar as oportunidades e se reerguer.
Devemos reconhecer, também, o esforço das mulheres que ainda não tiveram sucesso com o recomeço, muitas vezes devido a aspectos estruturais da sociedade, cuja mudança necessita da consciência e apoio de todas nós, como as vítimas de estupro. Como o tema é extremamente sensível e contém uma série de gatilhos, falarei sobre isso no próximo texto, com a calma e a atenção que o problema merece, mas não posso deixar de reconhecer aqui que, em muitos casos, mesmo lutando com todas as forças, mulheres não conseguem se reerguer, e precisaremos juntas lutar por elas, como se fôssemos nós mesmas as vítimas.
É importante destacar que os recomeços das mulheres muitas vezes estão intrinsecamente ligados a um processo de empoderamento e autonomia. À medida que assumem o controle de suas vidas e tomam decisões alinhadas com seus valores e aspirações, elas reafirmam sua capacidade de transformar desafios em oportunidades. Os recomeços das mulheres não são apenas momentos de transição, mas sim expressões de sua resiliência e determinação.
Para todo o fim, sempre existirá um recomeço, e a cada novo capítulo existe uma oportunidade de crescimento e renovação, reafirmando a importância de celebrar e valorizar as histórias de superação e sucesso que permeiam o universo feminino.