Foto principal: Maria Clara/Cortesia
Estudantes bloquearam um trecho da BR-104, em frente à entrada do campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), na última quinta-feira (18), em um protesto contra a retirada de oito linhas de ônibus que entravam no campus. O que isso significa de fato?
Os alunos afirmam que a mudança dificulta o acesso à universidade e expõe os estudantes à vulnerabilidade, sobretudo as mulheres e as pessoas com deficiência, pois precisam se deslocar até a Avenida Lourival Melo Mota para pegar o transporte público.
A estudante de Serviço Social, Izadora Lima, é cadeirante e utilizava a linha 612 para chegar até a Ufal. Devido à mudança, ela precisa se deslocar pela passarela para chegar ao seu ponto, do outro lado da avenida.
“A Ufal em si não é acessível, e agora eu tenho que me arriscar e ir para um ponto que também não é. Todo dia subo e desço a passarela e ainda venho para cá pegar o ônibus. É muito desgastante”, relata.
Devido à falta de acessibilidade, a estudante relata que sempre precisa pedir ajuda para subir ou descer nas calçadas, ato que a faz se sentir insegura. Além disso, ela também teme por causa dos casos de assédio e abuso sexual.
“Esses dias, eu quase caí ao subir na calçada do ponto, e precisei pedir a ajuda de um rapaz. Mas eu me sinto insegura, porque sabemos o índice de abuso e assédio que existe, mas eu não tenho o que fazer, preciso passar”, conta.
As linhas retiradas foram substituídas pelo ônibus de integração 4000 (Circular/Ufal), que, a princípio, ficaria disponível para os estudantes da entrada do campus até o observatório, de segunda a sexta-feira, das 6h30 às 22h20, com intervalos de 10 a 15 minutos.
Após reunião com estudantes, o Departamento Municipal de Trânsito e Transporte (DMTT) anunciou a ampliação do trajeto, que agora sairia do campus, seguiria até a rotatória da PRF e retornaria à universidade.
Entretanto, a estudante relata que o acesso à linha alternativa não aconteceu como o esperado. “Me falaram que estava funcionando, mas na segunda-feira (15), eu fiquei mais de 30 minutos esperando o ônibus. Precisei desistir e fazer o percurso até o meu bloco com minha cadeira, senão chegaria atrasada na aula”, afirma Izadora.
Falta de segurança
A falta de segurança também é uma preocupação da estudante de Geografia Laura Beatriz. Ela frequenta as aulas no período da noite e afirma que a sensação de insegurança sempre fez parte da sua rotina na Ufal, mas que a situação foi agravada devido à mudança.
“Sempre tive medo de andar sozinha para pegar meu ônibus dentro da universidade, porque eu estava sozinha às 21h40. Agora que tiraram os ônibus, precisamos passar pela passarela que está sempre vazia e mal iluminada”, conta.
“É algo que acaba prejudicando todo mundo, especialmente as mulheres e pessoas com deficiência. Porque em frente tem essa passarela, que é um lugar super perigoso para atravessar e chegar até o ônibus”, afirma Tainá Ângelo, estudante de História e integrante do movimento estudantil.
Segundo ela, apesar da ampliação do trajeto, a solução apresentada ainda não é suficiente para atender a todos os estudantes, que ainda têm sua mobilidade reduzida e precisam se expor ao perigo no caminho de volta para casa.
“Nós achamos que o circular é insuficiente, então queremos que essas linhas retornem, mas que também haja uma melhora e aumento na frota desses ônibus. Isso vai beneficiar não somente os estudantes, mas também todos que moram nas redondezas”, afirma.
O que diz a DMTT?
A DMTT afirma que adicionou um segundo veículo à linha 4000 (Circular Ufal) e que está trabalhando junto com a ILUMINA para melhorar a iluminação nos pontos externos ao campus pelos quais o ônibus passa, para melhor atender os estudantes.
Uma nova reunião com os estudantes aconteceu na última sexta-feira (19), na reitoria da Ufal, com o objetivo de encontrar uma solução de comum acordo entre os estudantes e o órgão público. Confira a nota compartilhada pela DMTT:
“Após o encontro os estudantes propuseram a suspensão do serviço. Foi apresentada uma contraproposta pelo DMTT, para que as oito linhas que não entram mais no campus pudessem acessar o espaço a partir das 20h, mas houve negativa por parte da comissão dos alunos da UFAL. O órgão monitora o comportamento das atualizações efetuadas, que atendem antigos pleitos de comunidades circunvizinhas da UFAL que aprovaram as ações do órgão, manifestadas por lideranças que estiveram presentes na reunião, a exemplo do Eustáquio Gomes, Jardim Royal, Grand Jardim, Cidade Universitária, Santos Dumont, Forene, dentre outros.”