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Estamos todas adoecendo? As dores de ser uma mulher adulta

Tem alguém bem aí?

Na semana passada, enquanto conversava com amigas em diferentes grupos do WhatsApp, algo me chamou a atenção: as conversas giravam em torno de frases como “quero desistir”, “já desisti” e “preciso da minha medicação para continuar”. Esse padrão de falas me fez refletir imediatamente sobre o estado emocional da minha rede de amizades. Será que minha rede estava adoecida? Estamos todas adoecendo?

Ouvindo o que elas estavam dizendo, a sensação que tive foi de impotência. O que será que está acontecendo com a gente? São tantas reclamações recorrentes de que a vida não tem sido gentil e que a tristeza parece ser a sensação predominante.

Lembrei de um texto que li uma vez – não me recordo de quem – que dizia que, antes de chegar aos 30 anos, costumamos desenhar uma vida ideal na nossa cabeça, imaginando como estaremos. Mas a vida, por ser incontrolável, raramente corresponde a essas expectativas. Quando chegamos à casa dos 30, nos deparamos com decepções e frustrações. Não somos mais meninas, nem adolescentes. Somos mulheres adultas. E talvez, ser mulher adulta seja um desafio ainda maior, porque as cobranças parecem recair sobre nós com mais intensidade.

Que vazio é esse que sentimos? Que sensação de frustração é essa que nos impede de sonhar? Por que as responsabilidades parecem sempre maiores que a nossa capacidade de lidar com elas? Por qual motivo a sensação de que não dará certo é imensa?

O mundo mudou. Nós também mudamos. Vivemos comparando nossas vidas com as das outras mulheres, como se a grama da vizinha fosse sempre mais verde. Passamos a acreditar que só a vida das outras está funcionando, enquanto a nossa parece paralisada. Criamos a ideia de que nossos problemas são insuperáveis e que jamais conseguiremos realizar os sonhos que planejamos quando éramos adolescentes.

Eu não posso entrar na sua cabeça e mudar tudo o que você está sentindo. Mas torço, de coração, para que você consiga encontrar a capacidade de ressignificar. Acredito que esse seja o único caminho para vencer. Espero também que você tenha fé – seja em algo, alguém ou algum lugar que te inspire – para entender que, mesmo nos momentos mais difíceis, ainda é possível reconstruir sonhos, superar desafios e seguir em frente.

Eu sei que há muitos caminhos à sua frente. Por favor, não deixe de caminhar. Mesmo que os passos sejam pequenos, eles ainda te levarão aonde você precisa estar.

E, se possível, busque ajuda profissional (isso faz toda a diferença).

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.