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Karol Conká, os gatilhos do BBB e o feminismo que só se vê no discurso: cadê a prática?

Estamos vivendo dias difíceis — principalmente por causa da pandemia — e o povo brasileiro queria entretenimento. Foi aí que todos começaram a esperar ansiosamente pelo BBB21. Mas o que era pra ser leve se tornou uma série de gatilhos de bullying, violência psicológica, xenofobia e cancelamento. A verdade é que o programa não tem feito bem a ninguém.

Poderia citar vários participantes aqui que tiveram condutas que não esperávamos, mas é da Karol Conká que preciso falar. Afinal, ela decepcionou os fãs, o público e demonstrou que a ‘militância’ dela chega a ser tóxica.

Sou mulher, jornalista e cofundadora do Eufemea. Poderia passar a mão na cabeça da Karol pelo simples fato dela ser mulher. Karol cantava sobre empoderamento, sexualidade feminina, autoaceitação, sororidade e diversidade. Mas ao que tudo indica, tudo isso partiu de uma personagem porque no dia a dia, ela tem demonstrado que o discurso dela é totalmente diferente da prática.

E isso faz com que todo movimento que é sério e necessário perca a credibilidade.

Karol era exemplo de empoderamento feminino e parece que isso tem se perdido. Não sei da história dela e pelo que li, em alguns sites, a história dela é marcada por violência. E isso fez (eu acredito fielmente nisso) com que ela reproduzisse nos outros.

Só que assim como ela, todos nós temos traumas, dores, situações que queríamos apagar das nossas vidas. E não é porque temos uma vida assim que precisamos jogar para cima dos outros porque as outras pessoas também escreveram uma história.

Karol não está fazendo apenas violência psicológica. Ela não prega a sororidade que tantas mulheres defendem e depreciou Juliette em vários momentos. Além disso, ela fez discurso xenofóbico, o que ofendeu muitas pessoas. 

Não concordo que alguém seja cancelado por algo. Nem ela mesmo. Todos nós estamos suscetíveis a erros e não precisamos ser cancelados por isso. 

Mas este texto serve para que possamos refletir que tipo de pessoa nós estamos sendo e se lutamos — verdadeiramente — por algo que tanto falamos e praticamos. Falar que é feminista é fácil, mas a nossa prática é tão real quanto nosso discurso?

Nós não somos perfeitos. E eu espero que Karol reflita sobre o comportamento dela, busque ajuda e faça valer a pena o que ela tanto prega. 

Feminismo não é passar a mão em cima da cabeça de alguém quando ela está errada. Que nós possamos aprender com ela e com outros participantes o que NÃO devemos fazer ou ser. Desconstrução é algo que leva tempo, mas que acontece.

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.