A suspeita da covid-19 fez com que a jornalista Laryssa Sátiro, que mora em Maceió, tomasse uma medida que ela jamais pensou em tomar: ficar longe – dentro da mesma casa – do filho João, de 6 anos, e da tia que mora com ela. Os sintomas apareceram na jornalista no dia 22 de abril: conjuntivite, congestão nasal, perda do paladar e do olfato. Consultada por um médico, a jornalista recebeu a recomendação de ficar 14 dias em isolamento.
Para proteger o filho e a tia, Laryssa ficou trancada dentro do quarto durante 15 dias. “Foi um misto de frustração, medo, angústia, ansiedade e muita fé. Agradeci muito por não ter evoluído para os sintomas graves, agradeci demais a Ele pela minha família, pelo apoio dos meus amigos, do meu namorado que a distância estavam me segurando para eu não ter crise de síndrome do pânico”. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Entretanto, o apoio mais importante para a jornalista veio do filho. Para brincar, os dois precisaram arrumar uma maneira. Separados por uma porta, João sentava no chão para desenhar e pintar, e Laryssa – de dentro do quarto – fazia a mesma coisa. “Ele estava doido pra eu sair logo do quarto e principalmente para que eu saísse bem. A gente sempre se abraça muito, trocar carinhos é o nosso normal”. ⠀⠀⠀⠀
Não era fácil para nenhum dos dois. Do lado de fora do quarto, João marcava um “x” em um pedaço de papel para contar quantos dias faltavam para rever a mãe. “Ele dizia que o coronavírus era muito chato em separar as pessoas que a gente ama. Que eu ficasse calma que ele estava contando os dias para eu sair”.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀E assim foi: no dia 07 de maio, sem sintomas, Laryssa finalmente pôde sair de dentro do quarto. O que ela não imaginava era que o filho tinha preparado um cartaz com uma mensagem: “Mãe, é o melhor dia da minha vida”. “Ficamos uns 3 minutos abraçados sem dizer nada. Aí ele soltou e disse: mãe eu estava morrendo de saudade de você”.