Foto: Divulgação/Shopping Iguatemi
A Polícia Civil do Ceará revelou esta semana que a loja Zara, em Fortaleza, criou um código secreto para alertar a entrada de pessoas negras ou com “roupas simples”. O caso ganhou grande repercussão na mídia e gerou indignação.
Para quem não sabe, isso aconteceu com a delegada Ana Paula Barroso –que é negra, e estava com a máscara abaixada tomando sorvete e foi impedida de entrar na loja pelo gerente. Isso ocorreu no dia 14 de setembro. Nesse mesmo dia, várias pessoas brancas estavam sem máscara no estabelecimento. O gerente foi indiciado pelo crime de racismo.
Por meio do código “Zara Zerou”, os funcionários eram orientados a seguir os clientes dentro dos critérios segregadores da loja.
O que aconteceu com a delegada não é um caso isolado. Quase sempre vejo relatos de pessoas negras que estão dentro de supermercados, estabelecimentos, restaurantes, e que são ‘educadamente’ abordados.
Na semana passada, uma moça que mora em Maceió disse que foi em um supermercado na parte baixa da capital, considerado de ‘luxo’ e que o segurança ficou fazendo ‘rondas’ olhando para ela. A moça é negra.
Na mesma semana também vi o relato de uma mulher que estava em um shopping e que o segurança também ficou fazendo rondas, perguntando se estava tudo bem. Não, não está nada bem.
Esse ‘código’ da Zara, acredito, que não seja exclusivamente do estabelecimento. A maioria age assim. Infelizmente, o racismo ainda existe e a pessoa negra é vista como alguém que vai roubar, ou fazer algo errado. Como se brancos não fizessem.
É preciso que também possamos responsabilizar estabelecimentos que não combatem o racismo em seus ambientes corporativos.
Muitas pessoas ainda usam o discurso de que “tudo hoje em dia é mimimi”. Mas costumo dizer que só é ‘mimi’ quando não é na pele da pessoa que passou por determinado assunto. Não é mimimi, é racismo.
Como disse a delegada Ana Paula Barroso, vítima de racismo. “Como diz a música, ‘paz sem voz não é paz é medo’. E esse medo vivenciei quando precisei me expor para fugir da impunidade, o que desgasta a minha saúde mental, mas vou resistir”.
Resistiremos.