A chegada de um filho dentro de uma relação conjugal mobiliza muitas emoções. Há mudanças que vão muito além do que conseguimos alcançar em nosso processo cognitivo imaginário, pois existem coisas que precisam ser vividas na prática, mesmo que a ciência nos traga estudos e evidências nessa relação pais e filhos.
Acredito que só a sensibilidade humana do vivido pode nos trazer um olhar profundo e sensível. E foi por isso que convidei a Ana Raphaela Novaes (CRP 14/4270), psicóloga, mas acima de tudo mãe e esposa que nos traz uma experiência vivida além da ciência que perpassa todo desenvolvimento do ser.
De um dia para o outro, tudo mudou!
O tempo vai ficando mais curto, a paciência também… e, ficamos esgotados!
Quando um filho chega, tudo se transforma. Acabam-se os sábados de “gordices” ou de programações: praia, sexo, cinema…
Iniciam-se os dias que parecem não ter fim e os finais de semana de mercado, fraldas e mais fraldas.
Antes dos filhos, as declarações de amor eram dignas de filmes: jantares românticos, flores, viagens.
Com filhos pequenos, as declarações surgem nos detalhes do dia a dia: no café servido à mesa, no passeio para banho de sol enquanto o outro termina o cochilo, no copo de água durante a amamentação, no abraço apertado depois de uma madrugada daquelas.
É!! Quando um filho chega, tudo se transforma.
Passamos a olhar nosso parceiro de uma forma diferente, conhecemos emoções e comportamentos que antes passavam despercebidos.
Passamos a olhar para dentro de nós também de uma forma diferente.
Com tantas mudanças aqui fora, é preciso reencontrar o amor aqui dentro. E, principalmente, aprender a cultivá-lo dia a dia.
Ninguém casa, ou se envolve em uma relação, contando com uma lista de obrigações e responsabilidades. Nos envolvemos porque, simplesmente, não conseguimos ver sentido na nossa vida sem aquela pessoa. Nos casamos porque o toque dá frio na barriga, sorriso no rosto, o coração pula toda vez que os olhares se encontram.
Quando o dia a dia passa a ser recheado de pratos na mesa, mamadeiras na pia, brinquedos espalhados, fraldas para lavar e contas para pagar, é fácil deixar o amor de lado. Mas ele ainda existe, só é preciso relembrar.
Recentemente li o texto de uma escritora, mãe de 04, que dizia que o “casamento é como um livro”. Algumas páginas são marcadas por lágrimas que escorreram, brigas que rasuraram. Mas há também os parágrafos cheios de amor, destacados com marca texto. Páginas que devem ser relidas de tempos em tempos para lembrar o caminho que nos trouxe até aqui. (Rafaela Carvalho)
Quando um filho chega, tudo se transforma.
E nessa transformação é preciso abrir espaço para aquilo que não pode ser deixado de lado, é preciso regar e cultivar aquela sensação maravilhosa que tomava o nosso corpo quando éramos só nós dois.
É preciso ter tempo para o casal, mesmo que esse tempo se resuma a pequenos reencontros ao longo do dia.
Ana Raphaela Novaes (@anaraphaela.criar)
(CRP 14/4270)
Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL;
Especialista na Terapia Cognitivo Comportamental com Crianças e Adolescentes pelo InTCC-POA; Especialista em Neuropsicologia, pelo IPOG-AL; Especializanda em Orientação Familiar e Treino de Pais pelo InTCC-RJ; Com formação em Terapia do Esquema e Terapia de Casais, pelo INSERE; Psicopatologia e Psicologia Baseada em Evidências, pelo Instituto Landeiro; com Certificação em Educação Parental, pela Positive Discipline Association (PDA/USA). Atua com acompanhamento psicoterápico de crianças, adolescentes e Orientação de Pais.
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