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Do preto ao pobre, projeto leva aula para estudantes da rede pública que vão fazer o Enem

O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi adiado, mas isso resolve o problema do estudante da escola pública? Se a situação já era difícil, diante de um sistema educacional excludente, com a pandemia do novo coronavírus piorou. Desde março, as aulas foram interrompidas na rede estadual para tentar conter o avanço do vírus e os alunos ficaram à deriva, muitos sem acesso à internet, computador, wi-fi e condições estruturais para estudar em casa. E agora, o que fazer?


Pensando não apenas nessa situação específica, mas em trabalhar a política de inclusão, a estudante do curso de Letras-Português da Ufal e professora do ensino médio da rede privada Taynara Silva idealizou e coloca em prática o projeto ‘Gente que se Educa’, que “nasce como uma proposta de luta e protesto por uma educação de qualidade e realmente democrática, da melhor forma: educando-se. Nossa ideia é ir além de preparar para o Enem. Queremos fazer política. Política no sentido de (re) conhecimento e reivindicação por direitos”, revela Taynara.


Mais do que ensinar para o vestibular, o projeto, cujas aulas estão previstas para iniciar nessa segunda-feira, dia 25, tem como missão levar ensino aos alunos pobres, pretos e excluídos do sistema educacional, como ressalta a professora.


“Que o Enem não foi 100% democrático e que alunos (as) de escolas públicas continuam em desvantagem na hora de prestar o maior vestibular do país, não é novidade. Trabalharemos com a perspectiva político-pedagógica e ensinaremos mais do que ser aprovado no vestibular, estamos aqui para que o povo preto e pobre incomode-se, sinta-se acolhido, ouvido e atendido. Não queremos ajuda, reivindicamos oportunidades”, ela diz.


O objetivo do projeto, a princípio, é oferecer aulas gratuitas com foco no Enem, e correção de simulados para estudantes da rede pública.

“A nossa equipe de professores (as) e colaboradores (as) é total e exclusivamente voluntária. Pessoas que acreditaram no projeto e resolveram abraçar a causa. A ideia é que esses (as) estudantes saibam e percebam que somos nós pela educação e que levamos muito a sério a ideia de inserir a classe trabalhadora dentro das universidades”, ressalta Thaynara, que é também membro-fundador da Frente Antirracista de Maceió e do Coletivo União das Letras, da Ufal.


Questionada como nasceu essa determinação, Taynara relata que o amor pela profissão vem da própria vivência. “Eu não estou professora, eu sou professora. Fui aluna da rede pública de ensino durante toda a minha vida escolar. A primeira vez que pisei numa escola privada foi para dar aula. Eu sei exatamente como é difícil estar em desvantagem, passos atrás de quem tem o privilégio de uma educação elitizada, não de qualidade! Educação de qualidade é um direito. Decidi criar esse projeto tanto por saber as dificuldades quanto em forma de protesto. Esse projeto é um manifesto em defesa da educação pública de qualidade”.


Como participar


Para participar, basta seguir o instagram (@gentequese_educa) do projeto, que disponibilizará um código. As aulas serão totalmente on-line. Por enquanto não há nenhum apoio financeiro, mas o grupo está aberto para ajuda.

“O projeto nasce com a proposta de crítica ao Estado, mostrando que nós professores estamos aqui, dando aulas gratuitas para todo mundo, mas não recebemos esse retorno. E o que fazer? Pós-pandemia, nós conseguiremos atingir essas pessoas, mas enquanto isso estamos mostrando que a pandemia está mexendo não só com a saúde, economia, mas com o direito de estudar”, diz Taynara.


As aulas serão liberadas pelo IGTV do instagram, com no máximo 10 minutos, de segunda a sábado. Neste dia, logo após o encerramento das atividades, será liberado o simulado, e na semana seguinte o gabarito.

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Niviane Rodrigues

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